12.5.13

My Favorite Demon XI

Créditos da imagem à F.Y.S.M.
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Seus olhos, minha verdade


-Bom dia my lady... Vejo que a senhorita acordou mais cedo que o usual esta manhã... -Sebastian abria as janelas fazendo com que meus olhos doessem um pouco enquanto se acostumavam com a claridade. 

Pensei em dizer "bom dia" como de costume, mas minha boca não obedeceu. Parando para pensar, nada no meu corpo me obedecia, nem minha boca, meus braços ou até mesmo meus olhos... Era como se eu estivesse enxergando através dos olhos de um estranho... 
Espera...
Talvez estes fossem os olhos daquela que tentava tomar meu lugar.. Sim, assim que estes olhos cruzaram com o espelho do outro lado do quarto e eu "me vi" pude ter certeza.

Sebastian me olhava atentamente da janela, o rosto sério. Como esperado do meu fiel mordomo, já tinha descoberto a verdade e em segundos já estaria me libertando desta situação tão incomum... 

-Quais são minhas tarefas de hoje? -"perguntei", enquanto me levantava e cruzava o quarto, passando por Sebastian com uma indiferença que nunca tive.

-Hoje a tarde as jovens damas da casa dos Baskerville a convidaram para um chá. Fora isso, teremos aula de Música e gramática quando my lady voltar... -Sebastian remexia em meu armário, pegando algo para mim vestir.

-Sabe que odeio ter aulas no fim da tarde. Ainda mais com um professor que não é nada profissional como você. -Minha cópia começou a se despir sem se importar com a presença de Sebastian ali.

Senti-me corar, aquela podia não ser eu, mas eu estava ali presente. Sabia que Sebastian estava vendo meu corpo, ele estava vendo tudo o que eu tinha de mais puro, algo conhecido apenas por mim... Dei o comando para que meus olhos se fechassem e pelo menos eu não ficasse ciente daquela vergonha que aquela estranha estava me fazendo passar, mas mesmo assim continuava enxergando. 

-Gosta do que vê? -Por Deus... O que essa desgraçada está me fazendo dizer... Os olhos vermelhos de Sebastian continuavam a me encarar, frios e inexpressivos, como se fosse normal eu estar fazendo o que fazia. -Sei que quis isso por muito tempo... 

Ele simplesmente caminhou até mim e pôs as mãos em minha nuca, como se fosse me beijar. Não acredito que ele não desconfiou... Não percebeu que aquela não sou eu... Quer dizer, ele é o Sebastian, está comigo desde que consigo me lembrar.. O único em quem confio... 

-Finalmente my lady aceita meus reais sentimentos... Agora, feche seus olhos... -Sebastian agora sorria com carinho, nunca odiei tanto tal sorriso...

E a outra fechou os olhos, privando-me de saber o que estava acontecendo. Pisquei repetidas vezes, até que voltei a enxergar, desta vez como eu mesma. Ainda estava naquele lugar escuro e Marie estava ao meu lado, fitando o vazio à nossa frente, ainda vendada.

-O que foi isso? -disse depois de muito tempo

-Isso foi  a verdade minha querida... -ela parou na minha frente, alisando meu rosto de forma carinhosa. Acho que exatamente da forma que minha mãe faria, ou fez... Não sei ao certo. -Você não estava segura com ele, nenhum demônio é confiável..

-Mas o que você-

-Shh... O que importa é que está segura aqui. Vou lhe mostrar a verdade.. -ela disse, interrompendo-me e segurando meu rosto com suas mãos macias. Tinham cheiro de framboesa... Ou talvez fosse de morango? -A verdade da qual aquele demônio a privou... 

-A verdade?

-Sim minha querida... Toda a verdade... -ela me abraçou, apertando-me contra seu corpo quente e fazendo com que eu me esquecesse por um segundo da dor das correntes que me prendiam. -Sacrifiquei minha mais nova marionete para manter aquele demônio ocupado, assim poderíamos ficar juntas.

Minha cabeça girava.. Aquele cheiro doce já me confundia, não sabia mais o que pensar sobre mim ou sobre esta situação... 
Este cheiro seria canela? Ou baunilha?
Fechei os olhos, me apegando ao restinho de consciência que ainda pude encontrar em minha mente... Sebastian certamente estaria se aproveitando, realizando seu desejo ou talvez até mesmo aproveitando para me devorar... 
Talvez nunca tenha sido meu realmente... 
Meu erro foi me esquecer que ele não tinha um coração... 

O som metálico e o alívio de ser liberta daquelas correntes incômodas me fizeram abrir os olhos, Marie sorria para mim, os braços abertos prontos para me receber...
Morangos... É, acho que ela cheirava a morangos
Antes de começar a me esquecer de tudo novamente, como há muito tempo não acontecia, lembro de ter abraçado a loira à minha frente. 
Só isso.

E então veio o nada. 
Apenas o cheiro de morango restou.

Um comentário:

  1. Ficou incrível! Quando é que sai o próximo?
    Estou desesperada por mais!!

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